terça-feira, 16 de março de 2021

"Um Dia na Roma Antiga", Diana Coutinho, 7ºA

 Um dia na Roma Antiga

       

Era uma vez um realizador que estava a preparar um filme sobre a Roma Antiga, este filme era muito importante para a carreira do jovem que sonhava ser um grande profissional na área da realização. E por esse motivo, tudo tinha de ser perfeito no filme e principalmente realista. Finalmente chegara o dia de começar as filmagens, toda a equipa técnica juntamente com os atores, dirigiram-se a uma floresta no norte de uma pequena aldeia. Por lá ouviram uma lenda que dizia que quem atravessasse um dos portões de acesso a um terreno, algo de inexplicável aconteceria. Como a informação dessa lenda era muito vaga, e o jovem era curioso, decidiu então confirmar a mesma.

Durante uma pequena pausa das gravações José avançou por um trilho que levava ao bendito terreno, e abriu o portão. O realizador sentiu-se como se estivesse a atravessar uma espessa e grande bolha, mas apenas teve certeza disso quando se viu num terreno baldio e numa estação do ano completamente diferente. José estava confuso. Não conseguia precisar onde estava, apesar do terreno ser idêntico ao que vira antes de atravessar o portão, do outro lado estava muito calor, mas ali o frio permanecia forte.

De seguida, avançou pelo terreno até chegar a uma estrada. Aquela estrada parecia muito elaborada e na verdade José achava-a idêntica às imagens que pesquisara sobre estradas romanas. Lá ao fundo avistava-se um grande aqueduto, que parecia dar para uma pequena povoação. Depois de algumas horas a andar por montes, estradas de pedra e pontes, o jovem viu-se numa grande cidade, Roma.

Era inacreditável, como através de um portão ele atravessara tantos quilómetros, mas na realidade não era apenas a distância que ele tinha atravessado mas sim a era. Ao chegar à cidade, pediu ajuda a um jovem simpático, que aparentava ter a sua idade. A sorte de José foi saber latim, graças às preparações do filme que realizava. Esse rapaz que o ajudou, explicou-lhe que estava em Roma, e que tinha recuado alguns séculos, pois encontrava-se no ano 310 d.C José ficou incrédulo, mas muito feliz por poder presenciar uma era que tanto admirava através, de livros e imagens na internet. Realmente, durante a sua viagem até Roma, José viu muitos escravos a trabalhar na agricultura e também mulheres com vestimentas muito diferentes das que se usavam no século XXI.

O rapaz começou por se apresentar, vinha de uma família humilde e trabalhadora, e o seu nome era Gael. De seguida, decidiram ir visitar a cidade. Começaram por visitar um grande mercado, onde viram vários plebeus a vender os seus produtos, e a trocá-los pela moeda romana. Nesse mercado, José conheceu alguns companheiros de Gael, que os acompanharam ao longo da sua visita. Os jovens saíram do mercado e logo se dirigiram para o porto principal de Roma. Era aí que se comercializava a maior parte dos produtos, vindos de várias zonas do mediterrâneo. Ali ambos presenciaram a chegada de um barco que vinha diretamente do Egito. A embarcação trazia inúmeros produtos muito importantes para Roma, tais como, escravos (que trabalhariam em terras dos senhores e fariam todo o tipo de trabalhos para os mesmos), ouro, trigo e uma variedade imensa de tecidos, que depois de tingidos seriam usados para fabrico de peças de vestuário.

Como estavam com fome, decidiram ir para a casa de Gael. Ao chegarem à rua onde ele vivia, José ficou espantado com aquela arquitetura. Apesar dos plebeus viverem em pequenos apartamentos, junto de outras famílias, a arquitetura daqueles prédios era bastante simples e minimalista, o que despertou a curiosidade do realizador. Gael apresentou a sua pequena família a José, e assim conviveram, comendo uma refeição muito simples, tal costume era dos plebeus.

Depois de se alimentarem, passearam pelas ruas da cidade, onde conheceram um pequeno artesão, muito amigo da família de Gael. Na oficina de Davi, observaram o processo de algumas peças de cerâmica. E tiveram oportunidade de conhecer melhor todas as técnicas e materiais usados, no fabrico de peças, naqueles tempos. José sabia o básico da sociedade romana. Mas Gael conversou com ele sobre o assunto, e disse-lhe alguns pormenores inéditos, que talvez ajudassem José no seu filme. Falaram sobre os plebeus, a ordem equestre e a senatorial, e ainda sobre o Imperador, que concentrava em si todos os poderes.

Seguidamente, dirigiram-se para uma parte muito importante de Roma, a zona onde ficavam os teatros, coliseus e também templos. Os romanos eram politeístas e por esse motivo acreditavam em vários deuses, prestando-lhes vários cultos. O culto público era prestado nos templos, o culto privado era feito nos altares domésticos, e dirigido pelo chefe de família, e por fim o culto ao Imperador, que era prestado após a morte do mesmo.

Primeiro, visitaram o Panteão, que era o templo dedicado a todos os deuses. José adorou a monumentalidade e imponência dos edifícios construídos naquela altura. Ao saírem do Panteão, viram dois mensageiros, no centro do fórum, a praça pública, a anunciar uma corrida de bigas no Circo Máximo, que aconteceria naquela noite. Os jovens não perderam tempo e decidiram que ao estádio seria um bom plano para o serão. Mas antes tinham um assunto muito importante para tratar! Gael e os seus companheiros eram cristãos, ou seja faziam parte da nova religião que aparecera no Império Romano, criada por Jesus. Mas no ano de 310, ainda não era aprovado o direito de ser cristão livre, e por esse motivo, os cristãos encontravam-se secretamente em catacumbas e lá conversavam sobre a religião.

Nessa noite estava agendada uma reunião cristã, mas era antes do circo, por isso enquanto os jovens iam até às catacumbas, José aproveitava para explorar melhor a cidade sozinho. Mas o que ele não sabia era que ia encontrar uma bela rapariga, que lhe pedira ajuda. O realizador estava a caminhar junto ao porto, quando viu uma pobre rapariga aos gritos, que parecia estar a afogar-se. José ajudou-a e perguntou-lhe o que ali fazia a uma hora tão inapropriada. A jovem contara-lhe que tinha sido perseguida por um grupo de romanos, e que a tinham deixado ali, pois sabiam que ela era cristã. Felizmente Aurora ficou bem, e aproveitou a companhia de José que cuidou muito bem dela. José passou horas a conversar com Aurora, falaram sobre as suas histórias de vida e variados assuntos, mas acabou por se esquecer da corrida de cavalos que iria ver com os seus amigos.

Já era muito tarde, e a grande preocupação do jovem, era voltar para casa de Gael que lhe prometera dormida durante essa noite, mas durante o passeio José acabou por se perder do centro da cidade e não tinha como ir para casa do companheiro. Então Aurora, vendo a sua preocupação, decidiu retribuir-lhe a ajuda. Ofereceu a José a sua casa para passar a noite, e ele aceitou. No outro dia de manhã, ambos se dirigiram à cidade, para se encontrarem com os seus companheiros e lhes explicaram tudo o que tinha acontecido. E assim foi. José estava pensativo, pois sabia que os seus colegas deviam estar muito preocupados, pelo seu desaparecimento na passada manhã. Por esse motivo, decidiu anunciar aos seus amigos de viagem que ia partir, mas ao mesmo tempo, tinha criado uma boa relação com eles e até achava que se apaixonara por Aurora.

Depois de muito conversarem, os jovens romanos decidiram que o melhor seria ficarem em Roma, pois era lá que tinham os seus futuros empregos e oportunidades de crescer. Mas Aurora, que também sentia uma grande empatia por José, decidiu partir com ele e juntos formariam uma bela família. Caminharam então pelo terreno baldio, e aproximaram-se do portão que mudara as suas vidas. José e Aurora despediram-se com muita mágoa e sabiam que sentiriam saudades e por esse motivo, sem ninguém saber, José escrevera ao longo desse dia algumas anotações sobre a personalidade de cada amigo e decidiu que o seu grande filme sobre o império romano teria como protagonistas os seus jovens amigos, mudando completamente a rota do mesmo. Deram um forte abraço e prometeram visitar-se mutuamente sempre que sentissem saudades ou precisassem de ajuda, e nestas últimas palavras saíram pelo portão.

Do outro lado esperava ao jovem casal, uma grande floresta. Ouviram o nome de José, e logo se depararam com a equipa de gravação e todos os atores a procurá-lo. Esclareceram toda a história vivida em 24 horas e o filme foi realizado.

Passaram-se muitos anos e tanto o jovem casal como os seus amigos romanos constituíram lindas famílias, e Aurora e José viviam agora numa humilde casa na floresta, assim estariam para sempre junto daquele portão que tinha um grande simbolismo para todos.

[Diana Coutinho, 7 A]


Sem comentários:

Enviar um comentário

Revolução, Sophia de Mello Breyner Andresen

Revolução Como casa limpa Como chão varrido Como porta aberta Como puro início Como tempo novo Sem mancha nem vício Como a voz do mar Interi...