terça-feira, 23 de março de 2021

Nomeio o Mundo, Vitorino Nemésio

Com medo de o perder nomeio o mundo,

Seus quantos e qualidades, seus objectos,

E assim durmo sonoro no profundo

Poço de astros anónimos e quietos.


Nomeei as coisas e fiquei contente:

Prendi a frase ao texto do universo.

Quem escuta ao meu peito ainda lá sente,

Em cada pausa e pulsação, um verso.

    in Os Cem Melhores Poemas Portugueses dos Últimos Cem Anos, José Mário Silva (pág.28)

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