A pedido da professora Rosa Antunes, os alunos de Português de 7º ano imaginaram o diálogo entre o Cavaleiro da Dinamarca e a família, quando ele chega a casa na noite de Natal, recriando, assim, de forma muito criativa, o final da história do livro O Cavaleiro da Dinamarca de Sophia de Mello Breyner Andresen. Partilhamos um dos textos.
Alguém bateu à porta.
- Filho, vai abrir a porta – pediu a mãe.
- Será que é o pai? – interrogou alegremente o
filho mais velho.
- Espero que sim, estou cheio de saudades –
acrescentou o irmão ainda com a boca cheia de pebernødder (biscoito tradicional
da Dinamarca).
Assim que abriram a porta, disse o Cavaleiro
com um ar muito cansado:
- Feliz Natal! Como prometido, aqui estou eu.
Não trouxe prendas para ninguém, mas tenho muitas histórias para contar.
- Feliz Natal, querido! Pensámos que não irias
voltar – diz a esposa com os olhos cheios de lágrimas.
- Conta, conta, pai… - insistia o filho mais
novo, enquanto a mãe falava.
- Deixa o pai descansar e aquecer-se à lareira,
enquanto preparamos a mesa para a ceia de Natal. Durante a ceia, o pai conta as
suas aventuras.
- Feliz Natal, senhor! A cozinheira já fez o
jantar e eu poli e encerei todas as superfícies como o senhor gosta para este
Natal ser perfeito – disse a criada mais antiga com saudades.
Sentaram-se todos à mesa. O Cavaleiro ocupou o
lugar principal à mesa.
- Vamos rezar – disse o Cavaleiro – e agradecer
por Deus nos ter reunido novamente nesta noite de Natal e pela ceia que temos
na nossa mesa.
- Avé Maria … - rezavam todos em coro.
- Podemos começar a jantar? – perguntou o filho
mais novo, esfomeado.
- Pai, conta-nos as tuas histórias e por onde
andaste! – pediu o filho mais velho.
- A viagem foi longa. Conheci um Mercador que
me convidou para conhecer Veneza, uma cidade muito bonita, e lá conheci a
história de amor de Vanina e Guidobaldo, os dois apaixonados que fugiram por
amor.
- Depois, foste para onde? – perguntou o filho,
ansioso.
- Parti para Florença e durante a ceia, na casa
do banqueiro Averardo, ouvi duas histórias maravilhosas: a história de Giotto,
o pintor, e de Dante e Beatriz.
- Quem é Dante, pai? – perguntou o filho mais
velho.
- Foi o poeta que, vivo, experimentou o que nós
só conheceremos, quando estivermos mortos - explicou o Cavaleiro.
- Mais, mais, mais … - insistia o filho mais
novo.
- Calma, o pai já conta – dizia a mãe,
acalmando o filho.
- A pior parte da viagem foi antes de chegar a
Génova, pois adoeci. Mas encontrei uns frades bondosos que me trataram. Quando
fiquei bom, parti para Génova. Mas quando lá cheguei perdi o barco e fui de
cavalo até Flandres. Na casa de um negociante flamengo, um capitão contou-me a
história de Pêro Dias, um marinheiro português.
- Foi uma aventura – disseram os filhos.
- Estou cansado, vamos dormir e amanhã conto mais.
[Beatriz Castro Fradique, 7ºA]
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