Celebra-se hoje o 110º aniversário da Implantação da República em Portugal.
Recordamos este dia com o poema Ideal de Antero de Quental (1842-1891).
Antero, que viveu intensamente, faz com que da sua prosa e poesia sobressaia a vontade de mudança, o progresso, a Liberdade. Antero de Quental foi um visionário.
Ideal
Aquela, que eu adoro, não é feita
De lírios nem de rosas purpurinas,
Não tem as formas languidas, divinas
Da antiga Vénus de cintura estreita...
Não é a Circe, cuja mão suspeita
Compõe filtros mortaes entre ruinas,
Nem a Amazona, que se agarra às crinas
D'um corcel e combate satisfeita...
A mim mesmo pergunto, e não atino
Com o nome que dê a essa visão,
Que ora amostra ora esconde o meu destino...
É como uma miragem, que entrevejo,
Ideal, que nasceu na solidão,
Nuvem, sonho impalpável do Desejo...
Antero de Quental, in "Sonetos".
Sem comentários:
Enviar um comentário