Alimentos coloridos… cuidado, analise o rótulo!
Desde a antiguidade que o homem sente necessidade de conferir cor aos alimentos para os tornar mais apelativos. Aos produtos que não possuem a cor pretendida adicionam-se corantes, cujas propriedades têm mudado ao longo dos tempos. Começou-se pelos corantes naturais, extraídos de plantas, animais e materiais existentes na Natureza, até aos nossos dias, em que a maior parte dos corantes utilizados na indústria alimentícia são sintéticos.
A cor
é, provavelmente, o primeiro critério de escolha de um produto. Não há dúvida de que a cor é uma das características que são avaliadas em primeiro lugar pelos
nossos sentidos. Todos já nos deparámos com locais que privilegiam a venda de
guloseimas coradas com o intuito de aliciarem as crianças. É fácil encontrar
bancas/montras extremamente coloridas que as atraem magneticamente. A maior
parte destes produtos, tão consumidos pelos mais jovens, têm adicionados
corantes sintéticos, que hoje são produzidos em grande escala por terem um
processo de produção fácil e barato. Estes são designados por corantes azo e
podem encontrar-se em gomas, bolachas, gelados, gelatinas, pastilhas
elásticas, etc.
Se é importante ter em conta os
efeitos prejudiciais do açúcar presente nestes alimentos na saúde e
comportamento das crianças, não é menos importante focarmo-nos nas consequências
da ingestão de alimentos corados artificialmente. Estudos mostram que em crianças
com Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA), os sintomas se
agravam quando ingerem este tipo de alimentos. Esta situação, por vezes, não é
compreendida, quer por pais, quer por professores e educadores, por não conseguirem
identificar as causas desta alteração. É mais ou menos consensual que existe
uma relação direta entre a ingestão destes corantes e o agravamento dos
sintomas de PHDA, justificada com o facto desse consumo levar à diminuição de
zinco e de ferro no plasma sanguíneo. Os corantes azo têm a capacidade de formar
quelatos, estruturas derivadas da ligação entre moléculas de corante e os iões
destes metais, levando, consequentemente, ao aumento da sua excreção através da
urina. Estes metais são fundamentais para o normal funcionamento do cérebro e a
sua carência conduz ao agravamento de sintomas de desatenção e outros típicos
da PHDA.
“Pode causar efeitos negativos na atenção e atividade das crianças”.
Os corantes em causa são: Amarelo-sol (E110); Amarelo de quinoleína (E104); Carmosina (E122); Vermelho allura (E129); Tartarazina (E102); Ponceau 4R (E124).
[REGULAMENTO (CE) N.o 1333/2008 DO PARLAMENTO EUROPEU E DO CONSELHO, de 16 de dezembro de 2008 relativo aos aditivos alimentares, Anexo V]
Para além dos efeitos derivados da ingestão dos corantes referidos, existem outros relacionados com substâncias resultantes da sua degradação, que se suspeita serem cancerígenas. Assim, devemos estar sempre atentos aos rótulos das embalagens de alimentos corados e decidir não os consumir, caso contenham estes corantes, são desaconselhados em qualquer idade.
Na realidade, a indústria alimentar produz alimentos maus, mas cada um de nós só come o que quer.
Referências:
https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/87711/1/M_Gabriela%20Antunes.pdf (15/10/2020)
http://serv-bib.fcfar.unesp.br/seer/index.php/alimentos/article/viewFile/865/744
(15/10/2020)
[Maria José Pires]
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