Antes de darmos início à entrevista, agradecemos muito a disponibilidade manifestada e a simpatia demonstrada ao aceitar a proposta da Biblioteca do Agrupamento de Escolas do Fundão em dar uma entrevista ao 9ºE, turma da professora Rosa Antunes. Tivemos oportunidade de o ouvir num vídeo que nos enviou e é com muito gosto que lhe fazemos esta entrevista.
José Rodrigues é natural de Viseu. Possui formação superior na área da gestão e carreira como consultor empresarial e formador. É sócio fundador da Visar, onde desenvolve toda a sua atividade profissional, em especial na área dos seguros. A família e os amigos, o karaté e o futebol veterano, complementam o enorme gosto pela escrita. Tem já quatro romances publicados. O Rio de Esmeralda (2016), Voltar a Ti (2017), O Tempo nos Teus Olhos (2018), Dias de Outono (2020).
[Foto do link: https://www.noticiasdeviseu.com/entrevista-a-jose-rodrigues-escritor/]AEF
– Quando é que nasceu o seu gosto pela escrita?
O gosto pela escrita nasceu muito cedo,
ainda no tempo da escola primária. Costumava fazer redações / composições
sempre com mais palavras do que as que eram exigidas pelos professores. Fui
sempre escrevendo desde criança.
AEF
- A escrita é para si uma forma de exprimir sentimentos, ideias ou uma
necessidade?
A escrita é um conjunto dessas três
coisas. Também outras, como por exemplo ajudar a aliviar os meus dias
profissionalmente intensos. Sou administrador de uma empresa de consultoria e
tenho formação superior em gestão de empresas. Os números são vitais no meu
trabalho. A escrita é uma forma de me reequilibrar, de tornar os meus dias mais
suaves.
AEF
- Inspira-se nos acontecimentos que já viveu, nas pessoas que foi conhecendo?
Inspiro-me em diversas coisas. Em
acontecimentos reais, em pessoais reais, mas também em acontecimentos
fictícios. Algumas das coisas vivi, algumas das personagens conheci, outras
não.
AEF
- Escreve todos os dias um pouco e não para enquanto não terminar o livro ou
tem outro método de escrever?
Escrevo à medida que vou podendo. Passam
dias em que não escrevo nada. Em outros, escrevo durante horas seguidas ou
apenas durante alguns minutos. Não tenho uma rotina de escrita, se é que assim
se pode dizer. Escrevo quando me apetece.
AEF
- Escreve melhor de manhã, à noite? Num local em especial em casa?
Escrevo sempre à noite. Durante o dia é
profissionalmente impossível. Em casa, escrevo habitualmente na mesa da sala e
não preciso de silêncio para o fazer.
AEF
– No Romance O Tempo nos Teus Olhos fala-nos de uma decisão difícil,
quando alguém se vê forçado a decidir ir para um lar de idosos ou permanecer em
sua casa. Como foi abordar este tema da terceira idade?
É na terceira idade que a solidão tem o
seu maior impacto. Quantas e quantas pessoas se sentem sozinhas? A
responsabilidade disso é de todos. Todos temos de ter a preocupação por quem se
sente só. Os lares de idosos podem ser uma solução ou não. Tudo depende da
forma como se encaram as coisas. De qualquer forma, o mais importante em todas
as decisões que tomamos, incluindo essa, a procura da felicidade deve estar
incluída. Não é por ter chegado a terceira idade que as pessoas devem desistir
de ser felizes. Não há limite de idade para a busca da felicidade. Por vezes, a
sociedade entende que há um limite de idade para isso, mas não. É sempre tempo
de mudar, de lutar e tantas vezes esta luta faz mudar a vida de tantas outras
pessoas à volta de quem se sente só. Em “O tempo nos teus olhos”, Manuel muda,
não apenas a sua vida aos 75 anos, mas também a de todas as pessoas que o
envolvem…
AEF
– Dias de Outono é um título muito bonito. Quais os motivos desta
escolha?
O outono é a estação do ano mais bonita,
na minha opinião. É a estação onde existe muita da beleza que sobra do verão,
mas também a nostalgia e o recolhimento do inverno. Escolhi este título porque
os acontecimentos mais importantes da narrativa acontecem no outono.
AEF
– Os medos podem fazer com que a felicidade não seja vivida plenamente?
Sim. A meu ver, podemos ter medo de muita
coisa, mas nunca devemos ter medo de procurar a felicidade. Viver valerá muito
mais a pena se formos felizes. E nem sempre ela chega se mantivermos uma
posição de expectativa e estática. A felicidade, exige muitas vezes, que se
aceitem desafios que nos motivam, mesmo com riscos. Colocar a emoção à frente
da razão e o coração à frente da cabeça. Com peso, conta e medida. Somos seres
emocionais e não máquinas.
AEF
– Quais os temas das suas obras que gostou mais de abordar e porquê?
Procuro abordar temas transversais a toda
a sociedade. Procuro criar personagens imperfeitos, como também é o ser humano.
Gosto de abordar temas simples, como os afetos, o amor, a paixão, a amizade, a
solidariedade e outros. Temas que são simples, mas que são, ao mesmo tempo, os
mais importantes da vida. À medida que a idade vai passando vamos dando conta
que as coisas que nos trazem mais felicidade são as mais simples.
AEF
– Agora, para finalizar, e de forma lúdica, pedíamos-lhe que respondesse às
questões de Marcel Proust, de forma breve. De escritor para escritor:
1. A minha principal característica? Simplicidade
2. A qualidade que eu prefiro num homem? Simplicidade
3.
A
qualidade que eu prefiro numa mulher? Simplicidade
4.
O
que eu aprecio mais nos meus amigos? Simplicidade
5.
O
meu principal defeito? Teimosia
6.
A
minha ocupação preferida? Escrita
7.
O
meu sonho de felicidade? Acabar
com a desigualdade
8.
Qual
seria a minha maior infelicidade? A doença
9.
O
que eu gostaria de ser? Escritor
10. O país onde eu gostaria de viver? Portugal
11. A minha cor preferida? Azul
12. A minha ave preferida? Canário
13. Os meus autores preferidos em prosa? Daniel Goleman
14. Os meus poetas preferidos? Mário Quintana, Cecília Meireles
15. Os meus heróis prediletos na ficção? Robin dos Bosques
16. As minhas heroínas prediletas na ficção?
Mulher Maravilha
17. Os meus músicos/cantores preferidos? Supertramp
18. Os meus pintores preferidos? Picasso
19. Os meus heróis na vida real? Os meus filhos
20. As minhas heroínas na História? Padeira de Aljubarrota
21. O que eu detesto acima de tudo? Racismo
22. O dom da natureza que eu gostaria de
ter? Ser o sol
23. Como gostaria de morrer? De repente, aos 150 anos
24. Qual o estado de espírito atual? Otimismo
25. Erros que eu perdoo mais facilmente? Ira
26. O meu lema de vida? Lutar pela felicidade, a cada instante.
Mais uma vez, muito obrigado pela entrevista. Esperamos que tudo melhore, para nos fazer uma visita!
[9ºB, Rosa Antunes e BECRE]
Estão de parabéns. Gostei muito de ler a entrevista. Atividade muito interessante e a repetir.
ResponderEliminarMuito obrigada! Os alunos estão de parabéns!
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