terça-feira, 24 de novembro de 2020

Entrevista ao escritor José Rodrigues - 9ºE e Biblioteca

Antes de darmos início à entrevista, agradecemos muito a disponibilidade manifestada e a simpatia demonstrada ao aceitar a proposta da Biblioteca do Agrupamento de Escolas do Fundão em dar uma entrevista ao 9ºE, turma da professora Rosa Antunes. Tivemos oportunidade de o ouvir num vídeo que nos enviou e é com muito gosto que lhe fazemos esta entrevista.

José Rodrigues é natural de Viseu. Possui formação superior na área da gestão e carreira como consultor empresarial e formador. É sócio fundador da Visar, onde desenvolve toda a sua atividade profissional, em especial na área dos seguros. A família e os amigos, o karaté e o futebol veterano, complementam o enorme gosto pela escrita. Tem já quatro romances publicados. O Rio de Esmeralda (2016), Voltar a Ti (2017), O Tempo nos Teus Olhos (2018), Dias de Outono (2020).

                                               [Foto do link: https://www.noticiasdeviseu.com/entrevista-a-jose-rodrigues-escritor/]

AEF – Quando é que nasceu o seu gosto pela escrita?

O gosto pela escrita nasceu muito cedo, ainda no tempo da escola primária. Costumava fazer redações / composições sempre com mais palavras do que as que eram exigidas pelos professores. Fui sempre escrevendo desde criança.

AEF - A escrita é para si uma forma de exprimir sentimentos, ideias ou uma necessidade?

A escrita é um conjunto dessas três coisas. Também outras, como por exemplo ajudar a aliviar os meus dias profissionalmente intensos. Sou administrador de uma empresa de consultoria e tenho formação superior em gestão de empresas. Os números são vitais no meu trabalho. A escrita é uma forma de me reequilibrar, de tornar os meus dias mais suaves.

AEF - Inspira-se nos acontecimentos que já viveu, nas pessoas que foi conhecendo?

Inspiro-me em diversas coisas. Em acontecimentos reais, em pessoais reais, mas também em acontecimentos fictícios. Algumas das coisas vivi, algumas das personagens conheci, outras não.

AEF - Escreve todos os dias um pouco e não para enquanto não terminar o livro ou tem outro método de escrever?

Escrevo à medida que vou podendo. Passam dias em que não escrevo nada. Em outros, escrevo durante horas seguidas ou apenas durante alguns minutos. Não tenho uma rotina de escrita, se é que assim se pode dizer. Escrevo quando me apetece.

AEF - Escreve melhor de manhã, à noite? Num local em especial em casa?

Escrevo sempre à noite. Durante o dia é profissionalmente impossível. Em casa, escrevo habitualmente na mesa da sala e não preciso de silêncio para o fazer.

AEF – No Romance O Tempo nos Teus Olhos fala-nos de uma decisão difícil, quando alguém se vê forçado a decidir ir para um lar de idosos ou permanecer em sua casa. Como foi abordar este tema da terceira idade?

É na terceira idade que a solidão tem o seu maior impacto. Quantas e quantas pessoas se sentem sozinhas? A responsabilidade disso é de todos. Todos temos de ter a preocupação por quem se sente só. Os lares de idosos podem ser uma solução ou não. Tudo depende da forma como se encaram as coisas. De qualquer forma, o mais importante em todas as decisões que tomamos, incluindo essa, a procura da felicidade deve estar incluída. Não é por ter chegado a terceira idade que as pessoas devem desistir de ser felizes. Não há limite de idade para a busca da felicidade. Por vezes, a sociedade entende que há um limite de idade para isso, mas não. É sempre tempo de mudar, de lutar e tantas vezes esta luta faz mudar a vida de tantas outras pessoas à volta de quem se sente só. Em “O tempo nos teus olhos”, Manuel muda, não apenas a sua vida aos 75 anos, mas também a de todas as pessoas que o envolvem…

AEF – Dias de Outono é um título muito bonito. Quais os motivos desta escolha?

O outono é a estação do ano mais bonita, na minha opinião. É a estação onde existe muita da beleza que sobra do verão, mas também a nostalgia e o recolhimento do inverno. Escolhi este título porque os acontecimentos mais importantes da narrativa acontecem no outono.

AEF – Os medos podem fazer com que a felicidade não seja vivida plenamente?

Sim. A meu ver, podemos ter medo de muita coisa, mas nunca devemos ter medo de procurar a felicidade. Viver valerá muito mais a pena se formos felizes. E nem sempre ela chega se mantivermos uma posição de expectativa e estática. A felicidade, exige muitas vezes, que se aceitem desafios que nos motivam, mesmo com riscos. Colocar a emoção à frente da razão e o coração à frente da cabeça. Com peso, conta e medida. Somos seres emocionais e não máquinas.

AEF – Quais os temas das suas obras que gostou mais de abordar e porquê?

Procuro abordar temas transversais a toda a sociedade. Procuro criar personagens imperfeitos, como também é o ser humano. Gosto de abordar temas simples, como os afetos, o amor, a paixão, a amizade, a solidariedade e outros. Temas que são simples, mas que são, ao mesmo tempo, os mais importantes da vida. À medida que a idade vai passando vamos dando conta que as coisas que nos trazem mais felicidade são as mais simples.

AEF – Agora, para finalizar, e de forma lúdica, pedíamos-lhe que respondesse às questões de Marcel Proust, de forma breve. De escritor para escritor:

1.    A minha principal característica? Simplicidade

2.    A qualidade que eu prefiro num homem? Simplicidade

3.    A qualidade que eu prefiro numa mulher? Simplicidade

4.    O que eu aprecio mais nos meus amigos? Simplicidade

5.    O meu principal defeito? Teimosia

6.    A minha ocupação preferida? Escrita

7.    O meu sonho de felicidade? Acabar com a desigualdade

8.    Qual seria a minha maior infelicidade? A doença

9.    O que eu gostaria de ser? Escritor

10.  O país onde eu gostaria de viver? Portugal

11.  A minha cor preferida? Azul

12.  A minha ave preferida? Canário

13.  Os meus autores preferidos em prosa? Daniel Goleman

14.  Os meus poetas preferidos? Mário Quintana, Cecília Meireles

15.  Os meus heróis prediletos na ficção? Robin dos Bosques

16.  As minhas heroínas prediletas na ficção? Mulher Maravilha

17.  Os meus músicos/cantores preferidos? Supertramp

18.  Os meus pintores preferidos? Picasso

19.  Os meus heróis na vida real? Os meus filhos

20.  As minhas heroínas na História? Padeira de Aljubarrota

21.  O que eu detesto acima de tudo? Racismo

22.  O dom da natureza que eu gostaria de ter? Ser o sol

23.  Como gostaria de morrer? De repente, aos 150 anos

24.  Qual o estado de espírito atual? Otimismo

25.  Erros que eu perdoo mais facilmente? Ira

26.  O meu lema de vida? Lutar pela felicidade, a cada instante. 

     Mais uma vez, muito obrigado pela entrevista. Esperamos que tudo melhore, para nos fazer  uma visita!

                                                                                          [9ºB, Rosa Antunes e BECRE]

2 comentários:

  1. Estão de parabéns. Gostei muito de ler a entrevista. Atividade muito interessante e a repetir.

    ResponderEliminar

Feliz Dia da Mãe: uma homenagem às mães do 7.º E!

Os alunos do 7.º E realizaram um pequeno filme de homenagem às mães, no âmbito das disciplinas de Português e de Cidadania e Desenvolvimento...