sexta-feira, 3 de junho de 2022

Manuel Guilherme de Almeida - um alfaiate do Fundão

A professora de História A, Ana Brioso, quis promover, com os seus alunos,  a relação da escola com a cidade e, simultaneamente, contribuir para a Educação para o Património local e regional. Foi por isso que levou os seus alunos a visitar a exposição que está patente na Moagem - Cidade do Engenho e das Artes - para homenagear o destacado alfaiate Manuel Guilherme de Almeida, natural do concelho do Fundão.
Os alunos foram encorajados a escrever um texto que descreve a sua experiência nesta visita e que publicamos em seguida. Obrigado, professora Ana e obrigado alunos pelo vosso contributo.


No dia 02/06/2022, no âmbito da disciplina de História A, visitámos a exposição atente na Moagem Cidade do Engenho e das Artes, que homenageia Manuel Guilherme de Almeida, alfaiate de profissão e um dos fundadores do partido comunista Português. A exposição tem curadoria de Pedro Novo, Diamantino Gonçalves e Isaura Reis.

Manuel de Almeida nasceu em Janeiro de Cima no Fundão, e muito novo viaja para Lisboa onde termina o ensino primário, não prosseguindo estudos por questões económicas, iniciando-se então como aprendiz de alfaiate, arte pela qual se apaixonou tornando-se rapidamente mestre de alfaiataria. Convicto nas suas crenças não poupou esforços para lutar pela liberdade e dignidade, promovendo a revolução dos cravos que decorreu mais tarde na madrugada de 1974. Em 1934 funda a Academia de Corte Geométrico, onde chega a ensinar a sua maestria. Inicia a sua atividade de associativismo profissional na Associação Fraternal da Classe dos Operários Alfaiates de Lisboa, e a partir de então vê a sua vida cheia de episódios de confrontos e detenções com privações e tortura, como por exemplo, a 26 de agosto de 1931, que ocorreu por ser considerado suspeito de envolvimento em tentativa revolucionária, tendo sido deportado para Timor, chegando então a estar detido nove vezes, contabilizando assim um total de oito anos de prisão. Apesar de uma vida atribulada nunca se dissociou dos seus ideais, e junto de outros funda em 1921 o partido Comunista Português, onde internamente adquire grande importância, chegando a fazer parte do Socorro Vermelho Internacional apoiando então diversos presos políticos, vítimas da repressão do regime Salazarista durante o Estado Novo.

Na nossa opinião, achamos que a exposição foi muito interessante, pois ficámos a conhecer mais uma figura ilustre do nosso concelho. Pensamos que a exposição estava bem organizada e continha elementos pertinentes que ilustravam a vida e a obra de Manuel Guilherme de Almeida, como por exemplo, a casaca de fino corte, desenhada pelo próprio para uma festa.

Também apreciámos o facto da informação estar clara e sucinta pois foi de fácil leitura e compreensão uma vez que permitia que circulássemos entre os vários expositores o que tornava a mesma mais interessante e dinâmica. Estavam também expostos, alguns materiais do Estado Novo para ilustrar a perseguição política e as consequências sofridas por aqueles que se opunham ao regime de Salazar.

Achamos bastante interessante o facto de, mesmo sendo um potencial alvo de silenciamento e perseguição por parte das instituições de repressão do regime, chegou a transformar o seu local de trabalho num abrigo à clandestinidade política. Para além disso mostrou-se uma figura resiliente e convicta nas suas crenças, lutando constantemente pela liberdade e pela dignidade, tanto dos seus parceiros de trabalho quanto do povo português em geral, desejando por um país livre onde todos pudessem exercer livremente os seus direitos.

Para concluir, foi uma experiência muito interessante pois conhecemos uma nova personalidade distinta a nível nacional e local, uma vez que é nosso conterrâneo e participou ativamente nas novas conquistas que o povo português conseguiu alcançar através da revolução mais importante do nosso país, dando-nos os direitos que hoje temos e conhecemos, mas que cada vez mais se encontram em perigo e que esperamos não caiam no esquecimento.

[Diogo Garcia, João Gonçalves e Margarida Fernandes, 12ºLH]




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Liberdade, Fernando Pessoa

Liberdade Ai que prazer Não cumprir um dever, Ter um livro para ler E não o fazer! Ler é maçada, Estudar é nada. O sol doira sem literatura....