Divulgamos um poema que nos foi enviado pela docente Cesaltina Neves.
O poema é do Eduardo Pizarro, do 11LH. Parabéns Eduardo, escreves muito bem!
[imagem de https://unsplash.com/photos/YWY8q9G3jY8]Totalidade
O Indivíduo que mancha estes versos
reside no esquecimento das memórias,
habita numa tremenda imprecisão de dias
e, ao esquecer-se das memórias,
esquece-se de si mesmo.
Deslembra-se da complexidade da morte.
O Indivíduo sabe, o Indivíduo aprende.
Porém, ele esquece-se do tempo que lhe foi dado
e, assim, liberta-se da especulação do nada.
Impõe-se-lhe a tragédia de uma vida singular,
de uma vida completamente individual,
de uma vida que lhe é única.
Mas não...
O Indivíduo desconecta-se da vida
que é crua, que é sensitiva, que é real.
E em todo o real, existe incoerência
e nela habita a desunião das coisas.
Numa perspetiva exterior, manifesta-se-lhe
toda a distância que habita entre a vida,
o mundo e o homem.
A vida sente-se falhada
numa excitação pela morte.
Surge o desejo do nada, a impossibilidade do tudo.
Que estranho sentimento é morrer
numa vida que nos é dada para viver!
Que estranha memória tenho...
São portas abertas, ruas vazias, olhares sombrios,
é a alma apagada do tempo que não existe.
Mas a vida é cor, é luz, é brilho, é êxtase
pelo vazio que nos aguarda a presença...
Intrigamo-nos pela morte porque,
enquanto permanecemos vivos,
ela é ausente, é desconhecida, é incerta.
É uma porta fechada que existe e espera.
O Indivíduo despeja, na Vida,
uma rara e absoluta singularidade.
Transfere-lhe relevo,
dá-lhe existência.
E deixa para a Morte
tudo aquilo que esqueceu,
toda a reflexão e silêncio
que a vida foi incapaz de dar.
O tempo muda.
Chega a primavera do sonho
e as folhas caem na vulgaridade,
no normal que não espanta.
E o Indivíduo, intrigado, escolhe a Morte.
Pois o fim é
calmo, livre,
reconfortante...
[Eduardo Pizarro]
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