Fronteira,
o Festival Literário de Castelo Branco terminou dia 4, com uma homenagem ao
escritor moçambicano Mia Couto.
Poderíamos
dizer que, num festival em que se pôde refrescar a inteligência e o
conhecimento, este foi, talvez, o momento mais marcante.
Começou com a dupla Luísa Vieira e José Rui, vindos de Tondela para dar início à
noite com poemas cantados ou simplesmente cantos e sons e palavras, ao jeito
africano, em harmonia com o autor homenageado.
Estava
instalada a magia da noite.
Tito
Couto foi-nos habituando, ao longo do festival, a uma boa disposição e
informalidade cativantes e a sua conversa com Mia Couto seguiu esta mesma linha
que, parece, é de família.
Na
conversa de Mia Couto descortinamos um homem apaixonado pela escrita, mas
também pelo seu país, pela vida, pelo mundo.
Segundo
Mia, “quando se escreve, o que se quer é atingir o outro” e acrescentou, mais adiante,
que “ganhava pátria por via das histórias”, referindo-se ao facto de que “a
família é que é a pátria”, quando se viu confrontado com o lado português e o
moçambicano.
Referindo-se
aos portugueses, salientou “o seu lado trágico do destino” e “a sua atitude
filosófica em relação à tristeza” que é “totalmente diferente em Portugal e em
Moçambique”.
Tentando
explicar de onde lhe veio o gosto pela escrita, referiu seu pai que lhe incutiu
a “importância do olhar, do olhar o outro” e o enorme gosto pelos livros. Da
mãe, ficaram-lhe as histórias que lhe ouvia todas as noites e que ela criava
magicamente.
E
afirma sabiamente:
“São pequenas
histórias que nos fazem ser qualquer coisa.”
Enfim,
muito mais foi dito, numa noite em que as palavras foram o espectáculo!
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