sexta-feira, 29 de abril de 2022

Da Guerra Colonial ao 25 de Abril

Nas comemorações dos 48 anos da Revolução do 25 de Abril, a docente Ana Brioso, em articulação com a Biblioteca Escolar, organizou a realização da conferência "Da Guerra Colonial ao 25 de Abril" que contou com a presença do Professor Casimiro Santos e do Enfermeiro de guerra Pedro Taveira. A conferência teve como destinatários principais dos alunos de História A do 12º ano que nos enviaram as seguintes apreciações. Obrigado alunos e parabéns à docente por esta iniciativa.

 

«Este ano, para marcarmos o nosso 25 de abril, data tão importante e significativa para o nosso país, ocupámos a aula de história do dia 26 de abril de 2022 com uma palestra proposta pela professora Ana Brioso, em articulação com a BECRE. A professora convidou Pedro Taveira, autor do livro “Enfermeiro de Guerra - Evacuações na frente de combate debaixo de misseis” e o professor Casimiro Lopes que se propuseram relatar-nos um pouco das suas vidas, visto que viveram o memorável dia 25 de abril de 1974 e parte desta transição do período da Ditadura para a aplicação da regra dos 3 D´s: Democratizar, Descolonizar e Desenvolver.»
Diana Raposo, 12º LH

«Começámos por ouvir o professor Casimiro Lopes que nos fez uma abordagem mais teórica, intercalando com a sua experiência durante a época. Contou-nos que anteriormente à revolução, a vida era ainda mais dura do que pensávamos… muitos pais eram obrigados a abdicar do desejo de permitir que os filhos obtivessem instrução, o que felizmente não se verificou no caso de ambos, porém foi uma decisão árdua, necessitando de se deslocar para poder fazer os estudos. Como uma pessoa do meio rural, contou-nos que as dificuldades que se sentiam eram ainda maiores nestes casos, devido à impossibilidade de contactar recorrentemente com a família e porque a vida rural era muito diferente da vida urbana. A parte mais interessante, para mim, foi o seu contributo na revolução, que apesar de ter sido singelo, é de uma enorme emoção. Fora informado no seu batalhão que os representantes e seguidores do MFA se moviam em Lisboa, aplicando o golpe que marca até hoje os nossos dias, ditando o fim de um regime autoritário e totalizante de 48 anos, iniciando a política dos 3 D’s que permitiu a partir da Junta de Salvação Nacional, iniciar a democratização, descolonização e desenvolvimento de Portugal, que vivera silenciado e reprimido por quase cinco décadas. Naturalmente, sentiu-se feliz pela libertação do povo, pela nova fase do país e também por não ter sido direcionado ao território Africano onde teria de lutar “pela pátria”. Conta-nos os desafios do pós-golpe, os quais já estudamos em História A, como as expropriações, o incremento da via mais radical ligada à esquerda-comunista que de certo modo nos aproximaria do modelo da união soviética, mas não só… abordou também a melhoria de condições de vida dos operários, das mulheres e do povo como um todo, que mesmo passando por um caminho sinuoso, se via finalmente livre e possuidor de um olhar reivindicativo e progressista.
Seguiu-se então o enfermeiro Pedro Taveira, que nos contou um pouco sobre a sua jornada antes mesmo de ir para o território de guerra. Na sequência, destacou alguns episódios que o assustaram em território africano e mostrou-se incomodado com a situação que vivemos atualmente entre a Ucrânia e Rússia, pois sabe e conhece de perto como é um cenário de guerra, mostrando-se de certo modo inconformado com tudo aquilo que se está a passar no mundo. Contou que viver um cenário de guerra é aterrorizante e constantemente se vive em preocupação e stress. Destacou ainda o papel de uma mulher francesa que iniciou o processo designado por “enfermeiras de guerra”, destacando que o papel da mulher também foi importante no resgate de feridos, porém não valorizado e inferiorizado. Além disso, conta-nos alguns dos seus medos e traumas, que para além do óbvio, conta-nos que ao sentir que o seu avião era atacado, começou a ter medo de voar e partir para os resgates que realizava dia após dia. Conta-nos também a história aterrorizante de quando ouviu mísseis por cima dele e dos seus acompanhantes, e do cenário catastrófico e funesto que via ao sobrevoar o campo de guerra, procurando por feridos, que muitas vezes já se encontravam tão debilitados que se lamentavam por nunca mais voltarem a ver os seus, sabendo que ali seria o seu fim.
Ambos se mostraram abertos a questões e foram bastante simpáticos com os alunos, e foi por isso que gostei tanto desta conferência, pois são “documentos históricos” que se encontram vivos e que não tiveram receio de partilhar as suas experiências connosco, e agradeço bastante por isso. Compartilharam também as suas opiniões sobre o que ocorre nos dias atuais, em Portugal e na restante Europa, mostrando-se alarmados com a situação. Nunca devemos esquecer da luta daqueles que hoje nos garantem a liberdade e nos permite viver em democracia.
Após a conferência, dirigimo-nos à Biblioteca Municipal tendo sido recebidos pela Dra. Dina Matos, que nos guiou a uma exposição de livros proibidos pelo Estado Novo através da censura, falou-nos do papel da revolução e que dimensão atingiu no Fundão e na região, mas também nos mostrou inúmeros exemplares do Jornal do Fundão dessa época, até mesmo os que estavam censurados com o “lápis azul”. A exposição das “3 Marias" também me chamou bastante a atenção, visto que o papel da mulher sempre foi importante porém ainda mais censurado, e com o 25 de abril, obtivemos finalmente direitos que nunca nos deveriam ser recusados.
Em suma, o dia 26 de abril foi uma continuação da comemoração do nosso querido 25 de abril, e foi um dos momentos mais bonitos que passei na escola, porque realmente me enriqueceu bastante. Adoraria poder contactar com ainda mais pessoas que possuam este tipo de experiência, pois é sempre algo que me desperta curiosidade e que nunca devemos esquecer, de forma a valorizar sempre os esforços que estão por trás da (nossa) democracia e que, infelizmente, está a perder lugar em alguns países.»
Margarida Fernandes, 12º LH
 
«Senti que esta palestra me aproximou da Revolução. Penso que a descrição e o relato das vivências de forma tão pormenorizada resultaram nisto mesmo, o que para mim me agradou bastante.
Os testemunhos de quem viveu realmente na guerra e tentou socorrer os feridos, fez-me ficar ainda mais pensativa em relação ao que se passa na Ucrânia, que nos está tão próxima e já dura há tanto tempo.»
Rita Matos, 12º LH
 
«No final da palestra as turmas deslocaram-se até à Biblioteca Municipal onde a diretora, Dra. Dina Matos nos mostrou uma exposição com alguns dos livros que foram censurados durante a ditadura e o motivo dessa censura por parte do “ lápis azul”. Para além de livros pudemos ainda folhear algumas páginas do Jornal do Fundão da mesma época e observar as notícias e os títulos que eram considerados “inapropriados” e que depois de censurados, deveriam ser substituídos, grande parte das vezes por anúncios que os jornais tinham já preparados como forma de “tapar os buracos “ que o lápis azul deixava nas suas páginas.»
Carolina Falcão, 12º LHAV

«A forma como pudemos comemorar o 25 de abril foi muito interessante e de elevada importância para o desejado perfil do aluno. Tendo sido o primeiro dia que pudemos retomar no espaço escolar o não-uso da máscara, intensificou esta ideia de LIBERDADE e quanto a mesma é importante na vida de todos nós.»
Diana Raposo, 12ºLH

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