terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

CONVERSA - IGUALDADE DE GÉNERO - UMA PERSPETIVA EUROPEIA

A biblioteca da Escola Secundária teve mais uma conversa, desta vez com Miguel Cardoso, professor de filosofia a trabalhar actualmente em Bruxelas como assistente parlamentar de uma deputada europeia e com Catarina Sales, socióloga, professora na UBI – Universidade da Beira Interior. O tema foi a igualdade de género numa perspectiva europeia e dirigiu-se às turmas 10º LH, 10º LHCSE e APS16.
Logo de início foi lançada uma provocação:
“… e, claro, as mulheres devem ganhar menos do que os homens porque são mais fracas, mais pequenas, são menos inteligentes. Elas devem ganhar menos. É isso.”
Estas palavras foram proferidas por um eurodeputado polaco, Jamuz Korwin-Mikke, a 3 de março de 2017, durante uma sessão do parlamento em Estrasburgo. Esta declaração originou uma multa ao mesmo eurodeputado por parte do parlamento europeu, mas a verdade é que ela reflete posições de uma camada significativa da população, o que é preocupante. Principalmente, porque a esta discriminação juntam-se outras de outro tipo.
Seguiu-se nova provocação, pedindo aos alunos que recordassem invenções feitas por mulheres. Foi difícil e uma aluna concluiu que as mulheres têm pouca visibilidade e é por isso que temos dificuldade em lembrar os seus feitos. É preciso, então, dar-lhes mais visibilidade.
Foram referidos muitos aspetos importantes, dos quais salientamos que os estudos mostram que as mulheres estão mais sujeitas ao trabalho precário e ao desemprego do que os homens, além do que ganham, em Portugal, menos 165 euros do que os homens, em média.
Os alunos foram participando no debate, e no que respeita à fraca participação das mulheres na política, uma aluna referiu que “as pessoas ainda pensam muito que são as mulheres que não querem, mas, se calhar, não lhes dão oportunidade.”
Falou-se das quotas nas empresas públicas e da lei da paridade, apresentaram-se estatísticas e referiu-se que serão precisos 170 anos, ao nível mundial, para corrigir o estado atual das desigualdades das mulheres em relação aos homens, se mantivermos o ritmo que até agora se verifica.
Abordou-se ainda a existência de discriminação quando as opções, quer de homens, quer de mulheres, fogem ao que é expectável, tendo uma aluna referido o facto de a sua mãe trabalhar com tratores e ser discriminada por isso, sendo conhecida como “mulher-homem” e inferiorizada diversas vezes pela população, ganhando mais do que os homens que fazem o mesmo trabalho.
Uma aluna, jogadora de futsal, referiu que, até aos 16 anos, teve de jogar na equipa masculina por não haver uma feminina, mas, para tal, o clube teve de requerer à federação, a devida autorização. Aos 16 anos entrou numa equipa de Castelo Branco, a única existente na zona e, finalmente, agora já existe uma equipa feminina de futsal na aldeia de Valverde, perto do Fundão.
De salientar o facto de a Islândia ter sido o primeiro país europeu a legislar sobre a igualdade salarial, pelo que se reflectiu sobre a enorme necessidade de as mulheres participarem muito mais na política, sendo este o único caminho para alterar as coisas.
Por fim, falou-se da mutilação genital feminina pois, mesmo na Europa, 180 000 meninas estão em risco de sofrer tal mutilação.
Vários foram os alunos que participaram na conversa, o que demonstrou o interesse do tema e dos destinatários que concordaram com a necessidade de haver uma mudança!

Esta iniciativa desenvolveu-se no âmbito do projeto “Engenheiras por um dia”, dinamizado pela professora Teresa Correia.





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