A
biblioteca da Escola Secundária teve mais uma conversa, desta vez com Miguel
Cardoso, professor de filosofia a trabalhar actualmente em Bruxelas como
assistente parlamentar de uma deputada europeia e com Catarina Sales,
socióloga, professora na UBI – Universidade da Beira Interior. O tema foi a
igualdade de género numa perspectiva europeia e dirigiu-se às turmas 10º LH,
10º LHCSE e APS16.
Logo de
início foi lançada uma provocação:
“… e,
claro, as mulheres devem ganhar menos do que os homens porque são mais fracas,
mais pequenas, são menos inteligentes. Elas devem ganhar menos. É isso.”
Estas
palavras foram proferidas por um eurodeputado polaco, Jamuz Korwin-Mikke, a 3
de março de 2017, durante uma sessão do parlamento em Estrasburgo. Esta
declaração originou uma multa ao mesmo eurodeputado por parte do parlamento
europeu, mas a verdade é que ela reflete posições de uma camada significativa
da população, o que é preocupante. Principalmente, porque a esta discriminação
juntam-se outras de outro tipo.
Seguiu-se
nova provocação, pedindo aos alunos que recordassem invenções feitas por
mulheres. Foi difícil e uma aluna concluiu que as mulheres têm pouca
visibilidade e é por isso que temos dificuldade em lembrar os seus feitos. É
preciso, então, dar-lhes mais visibilidade.
Foram
referidos muitos aspetos importantes, dos quais salientamos que os estudos
mostram que as mulheres estão mais sujeitas ao trabalho precário e ao
desemprego do que os homens, além do que ganham, em Portugal, menos 165 euros
do que os homens, em média.
Os
alunos foram participando no debate, e no que respeita à fraca participação das
mulheres na política, uma aluna referiu que “as pessoas ainda pensam muito que
são as mulheres que não querem, mas, se calhar, não lhes dão oportunidade.”
Falou-se
das quotas nas empresas públicas e da lei da paridade, apresentaram-se
estatísticas e referiu-se que serão precisos 170 anos, ao nível mundial, para
corrigir o estado atual das desigualdades das mulheres em relação aos homens,
se mantivermos o ritmo que até agora se verifica.
Abordou-se
ainda a existência de discriminação quando as opções, quer de homens, quer de
mulheres, fogem ao que é expectável, tendo uma aluna referido o facto de a sua
mãe trabalhar com tratores e ser discriminada por isso, sendo conhecida como “mulher-homem”
e inferiorizada diversas vezes pela população, ganhando mais do que os homens
que fazem o mesmo trabalho.
Uma
aluna, jogadora de futsal, referiu que, até aos 16 anos, teve de jogar na
equipa masculina por não haver uma feminina, mas, para tal, o clube teve de
requerer à federação, a devida autorização. Aos 16 anos entrou numa equipa de
Castelo Branco, a única existente na zona e, finalmente, agora já existe uma
equipa feminina de futsal na aldeia de Valverde, perto do Fundão.
De salientar
o facto de a Islândia ter sido o primeiro país europeu a legislar sobre a
igualdade salarial, pelo que se reflectiu sobre a enorme necessidade de as
mulheres participarem muito mais na política, sendo este o único caminho para
alterar as coisas.
Por
fim, falou-se da mutilação genital feminina pois, mesmo na Europa, 180 000
meninas estão em risco de sofrer tal mutilação.
Vários
foram os alunos que participaram na conversa, o que demonstrou o interesse do
tema e dos destinatários que concordaram com a necessidade de haver uma
mudança!
Esta
iniciativa desenvolveu-se no âmbito do projeto “Engenheiras por um dia”,
dinamizado pela professora Teresa Correia.
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