terça-feira, 7 de maio de 2013

A PÁGINAS TANTAS

Verão quente é o livro de hoje. O jornalista Domingos Amaral é o autor deste romance que, sendo quase policial, não o chega a ser. A ação decorre em dois tempos distintos: a atualidade e o verão de 1975, altura de conturbação política e social no Portugal pós-revolução. Dois tempos, duas histórias diferentes, em que algumas das personagens se cruzam, de forma interessante. É o caso de Julieta, uma mulher que pertence a uma família tradicional e endinheirada, então apelidada de fascista, e que, no verão quente de 1975 se vê acusada do homicídio do seu marido e da sua irmã, alegadamente por motivo de infidelidade conjugal. Todas as pistas apontam para que seja culpada e ela vê-se confrontada com aquilo a que chama “buraco negro”, isto é, uma verdadeira amnésia relativamente aos acontecimentos do verão de 1975, resultante de uma queda com traumatismo craniano acompanhada de cegueira. Julieta, uma mulher na casa dos cinquenta, após ter cumprido uma longa pena de prisão pelo duplo homicídio, conhece um escritor numas termas onde se encontrava com a sua filha. A simpatia é imediata e daí resulta a vontade de escrever um romance contando a sua vida e tentando descobrir o verdadeiro autor do homicídio. Este escritor é, pois, o narrador da história. Os entraves são muitos, as tramas emocionais também, pelo que a leitura deste romance, além de ilustrar uma época da nossa história, é empolgante e imparável, em todos os sentidos. Trata-se de um romance com uma escrita simples, característica deste escritor-jornalista.

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