segunda-feira, 22 de abril de 2024

Abandono, David Mourão-Ferreira

 

Abandono

Por teu livre pensamento

Foram-te longe encerrar.

Tão longe que o meu lamento

Não te consegue alcançar

E apenas ouves o vento

E apenas ouves o mar.

 

Levaram-te a meio da noite:


A treva tudo cobria.

Foi de noite, numa noite

De todas a mais sombria.

Foi de noite, foi de noite,

E nunca mais se fez dia.


Ai dessa noite o veneno


Persiste em me envenenar.

Oiço apenas o silêncio

Que ficou no teu lugar.

Ao menos ouves o vento!

Ao menos ouves o mar!


David Mourão-Ferreira, 1959

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