quinta-feira, 16 de agosto de 2012

A PÁGINAS TANTAS

“No tempo em que eu ainda trepava às árvores …”. Com esta frase inicial, Patrick Süskind revela que o narrador da história é apenas um rapazinho que, dotado de um caráter muito reservado, mas aventureiro, nos vai falar sobre um singular habitante da sua aldeia, o senhor Sommer. “Vivia (…) nem a dois quilómetros da nossa casa (…). Ninguém sabia qual era o nome de baptismo do senhor Sommer, se era Pedro ou Paulo ou Henrique ou Francisco Xavier, ou se era doutor ou professor Sommer, ou professor doutor Sommer (…) .” Ele e a sua mulher haviam chegado, um dia, de autocarro e não se conheciam quaisquer filhos ou outros familiares. Contudo, este homem misterioso era conhecido de toda a gente. E porquê? Pura e simplesmente porque passava quase todas as horas da sua existência a percorrer a pé toda a região, munido do seu cajado e da sua mochila, quer estivesse sol, chuva, ou até um temporal. Carolina Kückelmann é a jovem personagem feminina dos sonhos do narrador, que o fascina e, do lado oposto, existe a personagem da Senhora Funkel, uma odiosa professora de piano. O senhor Sommer, não existindo na vida de ninguém, existe na vida de toda a gente, pela simples passagem, mas sem nunca estabelecer qualquer tipo de contato. Com belíssimas imagens de Sempé, esta é a história de muitas vidas que, de tão solitárias, nem pertencem ao mundo da verdadeira existência. É um assunto é para refletir. A história do senhor Sommer, um livro para todas as idades, com apenas 102 páginas, uma boa leitura para o seu fim de semana.

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