Na biblioteca da escola tens o livro Pão-de-Açúcar, de Afonso Reis Cabral.
Sugerimos a sua leitura para o ensino secundário.
Não deixes de ler!!!
Cabral, Afonso Reis (2018). Pão de Açúcar. Alfragide: Publicações Dom Quixote.
Pão de Açúcar
é um livro escrito por Afonso Reis Cabral, que venceu o prémio Leya 2014 com o
romance O Meu Irmão. É um livro que junta factos verídicos com ficção,
por forma a tornar o enredo numa narrativa verosímil. A ideia de escrever um
livro a partir do caso de Gisberto ou Gisberta, uma transexual brasileira que
apareceu, em 2006 morta no fundo de um poço, num edifício abandonado,
resultante de um projeto falhado para um Pão de Açúcar.
É uma história contada
na primeira pessoa, um rapaz, o Rafa, que vai desfiando o fio à narrativa.
Intercala o calão, que
surge contextualizado e adequado, com alguma poeticidade, numa escrita fluente
e intensa, que resulta também da riqueza e complexidade interior que as
personagens revelam.
A história é sobre
o dia-a-dia de três rapazes adolescentes, que viviam num internato: Rafa, com
uma vida difícil, pouca escolaridade e interessado em mecânica; Nelson, um
jovem muito bruto e conflituoso e Samuel, com uma grande sensibilidade, mas antissocial.
Rafa começa a interessar-se por Gis, uma toxicodependente, com sida e
transexual, que vive no edifício abandonado e que vai definhando, com fome, à
espera que a morte a leve. Rafa deixa a sua bicicleta ou projeto de bicicleta
no edifício mencionado e vai lá arranjá-la e vigiá-la todos os dias. É assim
que conhece Gis. Sente uma atração/repulsa que o leva a fazer-lhe e levar-lhe
comida. Acaba por revelar este seu segredo aos amigos, levando-os com ele para
a conhecerem. A partir do momento em que o segredo de Gis é desvendado, passa a
ser insultada, tratada como “traveca” ou “paneleiro com mamas”, chegando a ser
espancada, numa sociedade que não aceita a diferença e não sabe conviver com
ela, que passa por ela alheia, sem se deter, sem questionar, sem intervir. Gis
era um dos tantos esquecidos de que vários escritores falam. Manuel da Fonseca
falava no seu conto “O Largo” dos marginalizados pela sociedade, a quem ninguém
dava credibilidade; Luísa Ducla Soares, no seu conto “O Mundo é dos Jovens”
fala mesmo dos esquecidos, aqueles de que não se fala e que é mais fácil
ignorar.
Este é um livro que nos
faz, sobretudo, refletir sobre a nossa responsabilidade, enquanto cidadãos,
perante estas situações para nos fazer questionar os padrões da educação e as
questões culturais.