sábado, 22 de dezembro de 2012
A PÁGINAS TANTAS
Na berma de nenhuma estrada é o livro de que hoje vos vou falar. Mia Couto, o autor, tem uma escrita muito peculiar e própria dele mesmo, em que mistura vocábulos, expressões e mesmo frases, ao seu jeito, numa invenção contínua e marcando um estilo muito pessoal. É um autor que me agrada desde as primeiras palavras que leio. Ora ouça:
“Quem amamos nasce antes de haver o tempo. Passou o tempo e Ofélia era ainda a única mulher no mundo. Eu a via passar na rua, afastava os cortinados e o universo ganhava súbita explicação. Ela parava no passeio, sentindo que estava sendo contemplada. Meus olhos a tornavam sagrada. E não havia palavra.
Passou o tempo mas a cintura dela se conservava menininha, convidando as mãos a circum-navegarem seu corpo.
- Você é linda, Ofélia.
Mas ela! Não eram essas as palavras que mexiam em sua alma.
- Diga que sou eterna – pedia.
Eu não era capaz de cumprir aquele pedido. Algum senão me desviva a voz. E nunca repeti tão solicitadas palavras.”
Este é o princípio do conto "Ofélia e a eternidade”, um dos 38 contos que compõem este livro: Na berma de nenhuma estrada para ler com urgência!
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